quarta-feira, 15 de julho de 2009

Portugal – Um país de faz-de-conta

Há anos que a oposição acusa o Governo de viver num país irreal, de sonho, sem problemas…
No entanto, o problema é muito mais grave do que parece e ultrapassa a politiquice governamental. Todo o país, de Norte a Sul, parece viver numa realidade que não é a sua; num país de faz-de-conta.
Há, pelo menos 12 anos, que Portugal vive a era do TGV um, na altura, moderno, rápido e eficaz meio de transporte, que se implementava na Europa mais desenvolvida. Como não somos menos do que os outros, construímos três linhas novas: Vigo-Lisboa; Lisboa-Madrid; Sevilha-Lisboa. Com estes equipamentos ficamos muito mais próximos da Europa desenvolvida, com reflexos visíveis na economia nacional. Foram 12 anos difíceis, onde não faltaram vozes a favor e contra. Chegava um Governo e anunciava o inicio da construção do TGV, chegava outro Governo e anunciava o inicio da construção do TGV, chegava outro Governo e anunciava o inicio da construção do TGV… Chegou ao ponto de um Governo apresentar o início da construção do TGV como uma das medidas mais eficazes para fazer face à crise económica que fustigava o país real. O TGV é tema de conversa, é tema de debate, é tema de polémica mas, provavelmente, nunca será um tema de viagem.
Apesar de tudo, como o país real seria mais pobre se, no seu país de faz-de-conta, não houvesse um meio de transporte chamado TGV!!!
Há, pelo menos 20 anos, que Portugal vive a era do novo aeroporto. Trata-se de uma infra-estrutura das mais modernas do Mundo. Chamou-se ao longo de muitos anos “o Novo Aeroporto da Ota”. Ninguém podia construir numa área enorme; projectaram-se ligações rodoviárias; elaboraram-se planos de pormenor e, aviões, só a vê-los a passar em direcção à Portela. Foram 20 anos difíceis, onde não faltaram vozes a favor e contra. Chegava um Governo e anunciava o inicio da construção do novo aeroporto, chegava outro Governo e anunciava o inicio da construção do aeroporto, chegava outro Governo e anunciava o inicio da construção do aeroporto, chegava outro Governo e anunciava o inicio da construção do aeroporto… Até que chegou um Governo e decidiu que o novo aeroporto não será o da Ota, mas sim o de Alcochete. No país real nada de diferente se passou, mas no país de faz-de-conta um castelo de sonhos desmoronou. Chegou a hora de indemnizar a região da Ota pela não construção do aeroporto que nunca teve no mundo real, mas que existiu ao longo dos últimos 20 anos no país do faz-de-conta. Agora Alcochete é a obra fundamental, que servirá de alavanca para tirar o país da crise, se algum dia chegar a ser construído…
Para mim, Portugal, se depender destas obras, ficará eternamente na crise.
No entanto, no Portugal do faz-de-conta, até já há:
Uma terceira auto-estrada de ligação entre Lisboa e o Porto, por enquanto sem portagens;
Uma terceira ponte sobre o Tejo, por enquanto sem ligar margens;
Um novo Hospital Central do Algarve, por enquanto sem doentes;
Uma linha de caminho-de-ferro moderna no Algarve, por enquanto sem comboios;
Um rio Arade desassoreado até Silves, por enquanto sem barcos;
Uma Auto-Estrada a ligar a Via do Infante a Sines, por enquanto sem utilidade nenhuma;
Uma Justiça rápida e eficaz, por enquanto atrasada;
Uma autoridade que tem como principal objectivo garantir a segurança dos cidadãos e não multar carros mal estacionados, por enquanto não visível;
Um serviço de saúde sem listas de espera, por enquanto apenas no sector privado;
Um serviço regulador eficiente, por enquanto disfarçado de incompetente por excesso de modéstia;
Submarinos modernos a patrulhar a nossa costa, por enquanto num estaleiro qualquer.
Que bom que é viver no nosso país do faz-de-conta, quando todos os dias temos que acordar no país real!...

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