Portimão, enquanto cidade algarvia tem, na origem do seu moderno desenvolvimento, a actividade turistica. Tem, assim, toda a razão de ser a existência de Colóquios relativos a esta temática, que deve ser debatida numa atitude positiva, com frontalidade e abertura de espírito para a recepção de ideias.
Antes de debatermos o futuro do turísmo em Portimão, importa analisar duas questões primárias:
1 - Para que turismo foi projectada a cidade de Portimão;2 - Que turismo queremos actualmente para Portimão;
A primeira questão é fácil de responder; a cidade de Portimão foi projectada para receber um turismo de massas, seguindo o exemplo de outras cidades espanholas.
Corridos os anos parece que esta ideia deixou de fazer sentido, o que coloca uma série de problemas e questões.
Independentemente de qualquer ideia ou ideal político temos que reconhecer que, com a saída do Arquitecto Martim Gracias da Presidência da Câmara Municipal de Portimão houve uma preocupação dos vários executivos para inverter o papel de Portimão como destino turístico.
No entanto esses, como os executivos que virão, têm sempre a sua actuação limitada pelos erros do passado.
Senão vejamos:A Praia da Rocha está descaracterizada pela enorme mancha de construção?
Obviamente que sim e não temos como alterar isso. Tudo o que podemos fazer é tentar tornar essa mancha de construção mais atractiva e isso faz-se com a criação de espaços verdes e micro-espaços de interesse cultural entre os edifícios, de forma a convidar à circulação das pessoas nesses espaços actualmente mortos. Convidar artistas plásticos e escultores para "trabalharem" determinados espaços artisticamente, criando pequenos "pátios" pitorescos, com uma arte que surpreenda quem nos visita e que sejam eles próprios pontos de atracção turistica (vejam a quantidade de gente que se desloca a Estocolmo para ver a Pequena Sereia ou a Bruxelas para ver o Manneken Pis, peças pequenas, mas com valor artístico).
Outro problema que nos traz a construção que foi feita na Praia da Rocha é o do estacionamento. Na minha opinião a única solução para este problema é a construção do parque de estacionamento sob o areal (ver mensagem sobre o Problema do Estacionamento em Portimão). Toda e qualquer outra solução será puro remendo e um adiar do problema até à asfixia.
Para uma melhor qualidade desta zona como destino turístico não há dúvida de que a cidade tem uma necessidade urgente de fazer uma ligação rodoviária directa entre a saída da Via do Infante e a Praia da Rocha, uma vez que a V6 há muito que está desadequada à realidade actual.
Outra medida importante será o arranjo exterior dos edifícios da Praia da Rocha.No entanto, a Praia da Rocha não é, nem pode ser, o único ponto de atracção turística de Portimão e, na cidade, há milhares de pequenas coisas que a podem tornar mais atractiva ao turísmo.
A mata da Praia da Rocha é uma vergonha pela forma degrada em que se encontra. Sabe-se que é terreno privado, mas numa zona turística que se quer de excelência os privados têm que dar o seu contributo através da limpeza dos terrenos, pois pela valorização do espaço envolvente estarão a valorizar a sua propriedade;
A saída do porto que se quer de cruzeiros merece um espaço verde condigno, que atraia a atenção de quem aqui chega, prendendo a sua atenção em pequenos pormenores em vez da massa de construção ao fundo;
A recuperação do Convento de São Francisco, porque tão óbvia, nem merece comentário maior;
A colina da Estrada da Rocha deve ser um cartaz de visita da cidade. A construção de uma escadaria monumental e passadeiras que permitam a circulação das pessoas até às sepulturas romanas que lá se encontram poderiam ser uma enorme valorização turística;
Os equipamentos já projectados para a zona ribeirinha da cidade, como o Oceanário, o Insectário e o Teleférico, bem como o futuro posto de turismo serão certamente uma mais valia para o desenvolvimento de Portimão como destino turistico, mas a atracção turistica também se faz de pequenos "mimos" de tipicidade e, uma forma de atrair turistas à zona ribeirinha e convidá-los a almoçar nos restaurantes de peixe assado seria a recreação "artistica" da antiga descarga de sardinha em traineira e com cestas junto à muralha, um dos mais tradicionais elementos de atracção turistica da cidade nas décadas de 70 e 80, que atraía turistas de todos os cantos do Algarve;
A requalificação urbana do centro histórico é fundamental para criar polos de atracção turística no centro de Portimão. O estado de degradação dos edifícios dão uma má imagem da cidade e dos seus habitantes, afastando os turistas;
O funcionamento do CAT no centro histórico cria um ambiente de insegurança, que não convida, antes afasta a circulação de peões nessa zona;
Importante, igualmente é a divulgação do nosso património histórico e o seu aproveitamento para fins turísticos; A Fortaleza de Santa Catarina necessita de uma recuperação urgente; o Convento de São Francisco terá que ter um aproveitamento público, que permita a visita por parte de turistas; as ruínas Romanas da Abicada têm que ser alvo de qualificação e abertas ao público; a cisterna Romana da Coca Maravilhas deve ser divulgada nos roteiros turíscos, a par de Alcalar; o Largo Gil Eanos e o Jardim da Estação são uma vergonha pelo estado de abandono em que se encontram; cada edifício com interesse arquitectónico deve ser alvo de preservação e divulgação turistica, convidando à circulação das pessoas pela cidade.
Como podemos verificar, o Turísmo de qualidade em Portimão ainda é possível, desde que se juntem as iniciativas culturais e desportivas que tanto têm projectado a cidade a pequenos retoques de imagem e criação de novos elementos com interesse turístico. Ideias há, haja a vontade de colocá-las em prática...
Dinheiro para isso? Se contabilizarmos os milhões e milhões de contos que a cidade já produziu e remeteu para os cofres de Lisboa e compararmos com os trocos que recebemos da Administração Central ao longo das últimas décadas, concluímos facilmente que a cidade merece ser alvo de um programa POLIS ou com outro nome qualquer, que permita a valorização turistica de Portimão enquanto ainda há tempo.
É certo que, depois da galinha morta, não teremos mais ovos e esses não são só consumidos em Portimão; mais de 80% segue directamente para Lisboa e, grande parte, para os cofres do Estado. Se o futuro do turismo em Portimão não for bom, o futuro de Portugal também não se mostrará muito risonho.
Boa tarde.
ResponderEliminarConhece a localização da cisterna Romana de Coca Maravilhas?
Tem as coordenadas, ou consegue localiza-la no googlemaps?