Normalmente quem comenta resultados eleitorais destaca as vitórias. Não o farei, pois as derrotas em causa são muito mais significativas e estruturais do que qualquer das vitórias.
Desde logo há a salientar uma derrota estrondosa do actual sistema democrático português. A maioria dos eleitores não confia no sistema, não confia nos Partidos, não confia nos políticos e não espera nada de positivo dos actos eleitorais. Só assim se justifica que 140.264 eleitores (dos 341.974 inscritos) não tenham ido votar. Isto dá uma percentagem de 41,02% de abstenção e é um número superior ao total de votos obtidos pelo PS, pelo PSD e pelo BE em conjunto. Isto é, os 3 Partidos mais votados em conjunto tiveram menos votos do que o número de eleitores que não foram votar. Mas este descrédito do actual sistema democrático português, não se vê apenas pela falta de afluência às urnas. Nos últimos anos tem aumentado o número de votos de protesto, expresso através dos votos brancos e nulos. Um total de 7403 eleitores votaram branco ou nulo e 9015 eleitores votaram nos pequenos Partidos. O número de votos brancos ou nulos, com o voto nos pequenos Partidos e Movimentos é superior ao número de votos alcançado pela CDU.
Outro derrotado claro deste acto eleitoral foi o Algarve. Dos 8 Deputados eleitos, 3 não são desta região, pelo que a representatividade do Algarve e dos algarvios no Parlamento está reduzida.
Outra derrota substancial sofreu a Presidente do PSD. A sua atitude arrogante, de desprezo face ao Algarve e aos militantes algarvios, produziu os seus efeitos e o PSD não só não conseguiu manter a vitória que tinha alcançado nas Europeias, como viu grande parte do seu eleitorado a fugir para o CDS/PP, que conseguiu eleger um Deputado pelo Algarve. O Povo não gosta de oligarquias, de arrogâncias e de imposições cegas e obtusas, como as de Manuela Ferreira Leite e os militantes algarvios não esquecem a sua oposição ao movimento regionalista, o seu veto a Gonçalo Amaral e a colocação como cabeça de lista de Bacelar Gouveia, para tirar protagonismo a Mendes Bota. Ferreira Leite falhou relativamente ao Algarve em todas as linhas e foi vetada pelos seus eleitores. Outro fosse o líder do PSD e outro seria o resultado eleitoral na região.
Vistas as derrotas, analisemos as vitórias:
Em primeiro destaco não coloco o BE, mas sim o CDS/PP. A subida eleitoral do BE era de esperar por todos. Era tão de esperar que o Partido até colocou uma figura nacional como cabeça-de-lista, desprezando o potencial dos seus militantes algarvios. Já o CDS/PP não esperava a eleição de um Deputado pelo Algarve. Não posso deixar de felicitar pessoalmente o Dr. Artur Rêgo, brilhante advogado que tive o privilégio de conhecer no âmbito da minha profissão de Oficial de Justiça. É óbvio que esta vitória estrondosa, porque inesperada, do CDS/PP, se deve à fuga de votos do eleitorado do PSD que não queria votar em Ferreira Leite, mas pode ser uma forma de dar notoriedade do Partido na Região e, se Artur Rêgo realizar um bom trabalho em prole da Região – que acredito que fará – pode colocar o CDS/PP entre os Partidos que elegem naturalmente Deputados pelo Algarve.
Não podemos deixar de felicitar, igualmente, o BE pela sua vitória na Região. Mais do que pelo facto de eleger um Deputado pelo Algarve, está de parabéns por ser, em algumas freguesias, a segunda força política neste acto eleitoral, ficando à frente do PSD, como aconteceu – escandalosamente – na freguesia da Mexilhoeira Grande, em Portimão.
José Sócrates foi outro vencedor, mas com um amargo de boca. Perde 2 Deputados na Região do Algarve e perde 30.000 votos, tendo a votação mais baixa no Algarve desde a maioria absoluta de Cavaco Silva em 1991.
O PSD obtém mais 3.000 votos do que nas últimas eleições Legislativas, mas o seu crescimento é muito inferior ao que tiveram o BE ou o CDS, o que demonstra a falta de capacidade da líder do Partido para cativar o eleitorado descontente com José Sócrates pois, sendo o segundo Partido mais votado, apenas conseguiu angariar 10% dos votos que o PS perdeu na Região.
Com eleições autárquicas daqui a 15 dias, não podemos deixar de fazer uma ponte entre estes resultados e os que poderão ocorrer nas Autárquicas. Sendo esta uma derrota pessoal da política e da imagem de Manuela Ferreira Leite, os eleitores do Algarve não se deixarão influenciar por estes resultados, votando nas respectivas autarquias tendo em atenção as figuras que vão a votos. O PSD é o Partido maioritário em termos autárquicos no Algarve, apesar de não vencer eleições legislativas na Região desde 1991. Na esmagadora maioria dos municípios da Região, deverão manter-se no poder as forças políticas que actualmente governam os municípios.
Farei agora uma análise aos resultados de Portimão, por ser o Município que conheço melhor. O PSD de Portimão também foi penalizado pela evidente má imagem da líder do PSD/Nacional. As pessoas não gostam de Ferreira Leite e ponto final. No entanto, não podemos esquecer que o Município de Portimão é governado pelo PS desde o 25 de Abril e o PSD teve sempre menos votos nas Autárquicas do que aqueles que obtém nas Legislativas.
Infelizmente, para a própria alternância democrática, o PSD de Portimão faz coligações quando as eleições estão perdidas à partida e não as faz quando tem hipóteses de ganhar. Obviamente que os resultados eleitorais nas Autárquicas serão diferentes dos das Legislativas, mas costumam sê-lo para pior para o PSD. Ainda assim, dificilmente o BE e o CDS terão uma votação tão alta no município e a abstenção costuma ser menor nesse acto eleitoral. No entanto, parece evidente que o PS ganha folgadamente as eleições em Portimão, embora perdendo a maioria absoluta. O PSD teria uma boa oportunidade para ganhar se concorresse em coligação com o CDS, pois com a fuga de votos do PS para o BE, essa coligação ficaria claramente à frente do PS. Espero, no entanto, que não se repitam os erros do passado, com futuras comissões políticas afastadas dos eleitos, não permitindo um trabalho continuado do PSD na oposição.
Aplicando o Método de Hondt aos resultados das Legislativas ao Município de Portimão, teríamos uma verdadeira manta de retalhos, com 3 Vereadores para o PS, 2 Vereadores para o PSD, 1 Vereador para o BE e 1 Vereador para o CDS/PP.
Com este cenário, acredito que o PS poderá facilmente negociar com um dos Vereadores da oposição a maioria absoluta.
Digno de nota é a passagem do PSD para terceira força política na Mexilhoeira Grande e o baixo resultado obtido em Alvor. Não é culpa desta Comissão Política, mas esta também não conseguiu inverter o alheamento do PSD face às populações destas duas freguesias. O resultado na Mexilhoeira Grande é escandaloso e requer um investimento forte em termos de Campanha Eleitoral para inverter estes resultados. Nunca um Partido vencerá sozinho as eleições em Portimão, sem cativar eficazmente os eleitores destas duas freguesias.
Desde logo há a salientar uma derrota estrondosa do actual sistema democrático português. A maioria dos eleitores não confia no sistema, não confia nos Partidos, não confia nos políticos e não espera nada de positivo dos actos eleitorais. Só assim se justifica que 140.264 eleitores (dos 341.974 inscritos) não tenham ido votar. Isto dá uma percentagem de 41,02% de abstenção e é um número superior ao total de votos obtidos pelo PS, pelo PSD e pelo BE em conjunto. Isto é, os 3 Partidos mais votados em conjunto tiveram menos votos do que o número de eleitores que não foram votar. Mas este descrédito do actual sistema democrático português, não se vê apenas pela falta de afluência às urnas. Nos últimos anos tem aumentado o número de votos de protesto, expresso através dos votos brancos e nulos. Um total de 7403 eleitores votaram branco ou nulo e 9015 eleitores votaram nos pequenos Partidos. O número de votos brancos ou nulos, com o voto nos pequenos Partidos e Movimentos é superior ao número de votos alcançado pela CDU.
Outro derrotado claro deste acto eleitoral foi o Algarve. Dos 8 Deputados eleitos, 3 não são desta região, pelo que a representatividade do Algarve e dos algarvios no Parlamento está reduzida.
Outra derrota substancial sofreu a Presidente do PSD. A sua atitude arrogante, de desprezo face ao Algarve e aos militantes algarvios, produziu os seus efeitos e o PSD não só não conseguiu manter a vitória que tinha alcançado nas Europeias, como viu grande parte do seu eleitorado a fugir para o CDS/PP, que conseguiu eleger um Deputado pelo Algarve. O Povo não gosta de oligarquias, de arrogâncias e de imposições cegas e obtusas, como as de Manuela Ferreira Leite e os militantes algarvios não esquecem a sua oposição ao movimento regionalista, o seu veto a Gonçalo Amaral e a colocação como cabeça de lista de Bacelar Gouveia, para tirar protagonismo a Mendes Bota. Ferreira Leite falhou relativamente ao Algarve em todas as linhas e foi vetada pelos seus eleitores. Outro fosse o líder do PSD e outro seria o resultado eleitoral na região.
Vistas as derrotas, analisemos as vitórias:
Em primeiro destaco não coloco o BE, mas sim o CDS/PP. A subida eleitoral do BE era de esperar por todos. Era tão de esperar que o Partido até colocou uma figura nacional como cabeça-de-lista, desprezando o potencial dos seus militantes algarvios. Já o CDS/PP não esperava a eleição de um Deputado pelo Algarve. Não posso deixar de felicitar pessoalmente o Dr. Artur Rêgo, brilhante advogado que tive o privilégio de conhecer no âmbito da minha profissão de Oficial de Justiça. É óbvio que esta vitória estrondosa, porque inesperada, do CDS/PP, se deve à fuga de votos do eleitorado do PSD que não queria votar em Ferreira Leite, mas pode ser uma forma de dar notoriedade do Partido na Região e, se Artur Rêgo realizar um bom trabalho em prole da Região – que acredito que fará – pode colocar o CDS/PP entre os Partidos que elegem naturalmente Deputados pelo Algarve.
Não podemos deixar de felicitar, igualmente, o BE pela sua vitória na Região. Mais do que pelo facto de eleger um Deputado pelo Algarve, está de parabéns por ser, em algumas freguesias, a segunda força política neste acto eleitoral, ficando à frente do PSD, como aconteceu – escandalosamente – na freguesia da Mexilhoeira Grande, em Portimão.
José Sócrates foi outro vencedor, mas com um amargo de boca. Perde 2 Deputados na Região do Algarve e perde 30.000 votos, tendo a votação mais baixa no Algarve desde a maioria absoluta de Cavaco Silva em 1991.
O PSD obtém mais 3.000 votos do que nas últimas eleições Legislativas, mas o seu crescimento é muito inferior ao que tiveram o BE ou o CDS, o que demonstra a falta de capacidade da líder do Partido para cativar o eleitorado descontente com José Sócrates pois, sendo o segundo Partido mais votado, apenas conseguiu angariar 10% dos votos que o PS perdeu na Região.
Com eleições autárquicas daqui a 15 dias, não podemos deixar de fazer uma ponte entre estes resultados e os que poderão ocorrer nas Autárquicas. Sendo esta uma derrota pessoal da política e da imagem de Manuela Ferreira Leite, os eleitores do Algarve não se deixarão influenciar por estes resultados, votando nas respectivas autarquias tendo em atenção as figuras que vão a votos. O PSD é o Partido maioritário em termos autárquicos no Algarve, apesar de não vencer eleições legislativas na Região desde 1991. Na esmagadora maioria dos municípios da Região, deverão manter-se no poder as forças políticas que actualmente governam os municípios.
Farei agora uma análise aos resultados de Portimão, por ser o Município que conheço melhor. O PSD de Portimão também foi penalizado pela evidente má imagem da líder do PSD/Nacional. As pessoas não gostam de Ferreira Leite e ponto final. No entanto, não podemos esquecer que o Município de Portimão é governado pelo PS desde o 25 de Abril e o PSD teve sempre menos votos nas Autárquicas do que aqueles que obtém nas Legislativas.
Infelizmente, para a própria alternância democrática, o PSD de Portimão faz coligações quando as eleições estão perdidas à partida e não as faz quando tem hipóteses de ganhar. Obviamente que os resultados eleitorais nas Autárquicas serão diferentes dos das Legislativas, mas costumam sê-lo para pior para o PSD. Ainda assim, dificilmente o BE e o CDS terão uma votação tão alta no município e a abstenção costuma ser menor nesse acto eleitoral. No entanto, parece evidente que o PS ganha folgadamente as eleições em Portimão, embora perdendo a maioria absoluta. O PSD teria uma boa oportunidade para ganhar se concorresse em coligação com o CDS, pois com a fuga de votos do PS para o BE, essa coligação ficaria claramente à frente do PS. Espero, no entanto, que não se repitam os erros do passado, com futuras comissões políticas afastadas dos eleitos, não permitindo um trabalho continuado do PSD na oposição.
Aplicando o Método de Hondt aos resultados das Legislativas ao Município de Portimão, teríamos uma verdadeira manta de retalhos, com 3 Vereadores para o PS, 2 Vereadores para o PSD, 1 Vereador para o BE e 1 Vereador para o CDS/PP.
Com este cenário, acredito que o PS poderá facilmente negociar com um dos Vereadores da oposição a maioria absoluta.
Digno de nota é a passagem do PSD para terceira força política na Mexilhoeira Grande e o baixo resultado obtido em Alvor. Não é culpa desta Comissão Política, mas esta também não conseguiu inverter o alheamento do PSD face às populações destas duas freguesias. O resultado na Mexilhoeira Grande é escandaloso e requer um investimento forte em termos de Campanha Eleitoral para inverter estes resultados. Nunca um Partido vencerá sozinho as eleições em Portimão, sem cativar eficazmente os eleitores destas duas freguesias.
Quanto a regionalizçao e no que diz respeito ao Algarve,o k me parece e k o k move o Dr Mendes Bota e kerer ser o Jardim aki do sitio.
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